AQUELE
FINAL DE SEMANA NA PRAIA.
Sempre
que Paulo pensa em reunião familiar é para lembrar o quanto ela é maçante,
pessoas que se reúnem para de alguma forma competir, fofocar, dizer mentiras e
falar mal do governo, da saúde, educação e por ai vai e as crianças no meio,
ali sem saber de nada pensando que tudo é festa.
Ser
adulto no final quando combina de reunir a família é sempre para comer alguma
coisa, alguma coisa não,pera lá!Comida de brasileiro em feriado prolongado é a
merda do churrasco, um conjunto de atentados contra a saúde, reúne: picanha, linguiça,
coração, aza de frango, todo mundo come até se empanturrar, depois uns vomitam,
outros passam mal da barriga e alguns juram nunca mais comer carne.
Fica
tudo nisso, as pessoas comendo e contando todo tipo de mentira um para o outro,
contando o ultimo crime bárbaro, ou sobre a derrota do Flamengo, como a sem
vergonha da Rita anda dando em cima do Adolfo, marido da Célia, coisas assim.
Paulo
tinha doze anos em 82 e foi nesse ano que
Brasil tinha a chance de ganhar a copa do mundo não levou por causa do
Comentador.
Em
abril, no dia quatorze a Argentina cheia de mania de grandeza invadiu as
Malvinas e declarou guerra à Inglaterra.
No
Brasil, reinava a paz, mais uma vez, desde a guerra do Paraguai que o Brasil se
esquece dos acordos.
Nas
artes estava todo mundo de bode porque não conseguiam ver o filme E.T. que
estreava em onze de junho, dia quinze diretas gerais, menos para presidente. O
Brasil perde a copa dada como ganha
A
pergunta nas ruas era:
Como
pode uma seleção daquelas ser desclassificada? Porém perdeu novamente a copa e
o Zico se consagrava como o jogador de futebol mais “pé frio” do planeta.
Paulo
comprou escondido da mãe o Thriller, do Michael Jackson, um dos maiores
sucessos pops, porém a mãe achava coisa do demônio.
Ano
que o gênio Gabriel Garcia Márquez , ganha o premio Nobel .
Ainda
em abril, enjoados da cidade, pois BH é assim, para casal com filhos, sem sal,
com parques que todo mundo já foi e afinal Marcos tinha um sonho, ver o mar.
Desempregado
e com a cabeça quente, Marcos conversou com Telma e resolveram:
-Vamos
levar esses meninos para conhecer o mar, ganhei uma hospedagem gratuita na
semana santa para família toda- ele fez um gesto com tiras de papel no ar e
falou- aqui ó, cupons de desconto – disse, festejaram, principalmente Marcos o
resto torceu o nariz , mesmo assim aprontaram as malas.
O
pequeno Paulo e sua irmã Estefânia não queriam ir para praia, um pela alergia e
porque era um eremita syfy, outra pelo namorado que era recente,além de tudo
estava co saudade e ela só tinha treze e a rival Margarete tinha quatorze.
Seu
Marcos só pensava em Garapari, arrumaram as coisas no feriadão da semana santa,
colocaram tudo no Fiat 147, taxi que Seu Marcos herdou do tio Juvenal morto num
assalto e desceram a 262, chegaram em vitoria e estava chovendo pra cacete, só
de congestionamento porque um caminham tinha virado perto de Viana foi onze
quilômetros e cinco horas de atraso.
-Puta
que pariu – disse Marcos – agente se arruma todo, sonha com praia, sol e ai cai
de paraquedas nessa merda de chuva.
Telma
vinha fazendo tricô e ainda por cima andava com uma dor de dente, havia uma
carie no canino superior esquerdo, ela estava passada de raiva, Marcos, pegou o
dinheiro do dentista e enfiou na viagem, comprou, bala de menta, doritos e coca
cola light e uma dipirona para o dente.
-Sossega-disse-depois
você arranca, vai ficar feliz de ver o mar e esquece-se da dor- comeram e
beberam tudo na viagem.
Paulo
sentado do lado da irmã apertado entre duas malas e uma prancha do Batman lia
um gibi do Tex, tinha alergia a sol, chuva, vento frio, perfume e mosquito,
tudo aquilo junto sintetizava Vitoria, só queria o seu quarto e seu computador
e estava odiando a viagem.
Chovendo
a talagadas e ainda por cima com
vendaval que retira telhas e arranca arvores, são e salvos chegaram no hotel do
centro que Marcos ganhou a reserva.
-Temos
reserva – Marcos tirou os cupons da mala.
-Isso
não está valendo mais senhor, a promoção foi ano passado e não vale para
feriado – disse o homem sem franzir a testa.
-Quatrocentos
por pessoa, posso lhe dar uma cama grátis.
-Quatrocentos?Convenhamos,
isso é um roubo, olhe esta chovendo? – disse Marcos.
-Trezentos
e noventa -disse o atendente – é o Maximo.
-Ficaremos,
afinal, mar é um sonho – disse Marcos, o atendente riu.
-Marcos
– alertou Telma falando pelo tom de voz um dizer codificado ao soletrar o nome
do marido.
-Telma
não eu vou deixar de ver o mar.
-Que
chuva – disse o rapaz do Hotel – não quero interromper, mas o hotel está quase
lotado, feriadão com chuva é foda, tem nada para fazer nessa cidade, todo mundo
quer ficar bem alojado, aqui tem salão de jogos, peteca , sinuca e videogame.
Aquela
quita feira santa foi uma benção ficaram assistindo uma TV preta e branca e
jogando pontinho, com um baralho que Paulo arrumou do Japonês do quarto ao lado,
quando acordaram pela manhã Marcos estava resolvido a ir para praia de qualquer
jeito.
Telma
deu pra trás.
-Você
ficou louco? Está chovendo, e não é pouco, um dos meninos pode pegar a tal da pneumonia
passada – disse Telma, porém Marcos fazendo de sua voz a lei, afinal era o
chefe de família deu um ultimato.
-Vamos
conhecer o mar ou a gente volta para BH – disse sem menos nem mais, quase deu
um soco na mesa,pois a mesa era de vidro e só lhe restava o dinheiro da
gasolina de volta.
Feito
o gesto rude, como Napoleão levantou-se cheio de animo, Telma deu de ombros,
pegou o guarda chuva e uma capa e disse.
-Os
filhos também são seus.
Paulo
se irritou, a sua cabeça estava que era seborreia pura e a sua alergia a
minério entropia seu nariz, argumentou com o pai, nada adiantou, Estefânia
ficava calada, pois sua opinião valia pouco , havia sido reprovada na escola ,
o pai lhe aplicou castigos inomináveis, perdeu o direito para toda e qualquer
votação familiar.
Chovia
o dilúvio, possivelmente o ditado da avó de Paulo era bem vindo naquele momento:
”boa romaria faz, quem está na sua casa está muito bem em paz”.
O
carro andava devagarzinho pelas poças de água, em direção ao mar, modelos como àqueles
eram fadados à ferrugem, tinha um estilo Russo e bebiam como um alemão.
Marcos
passado cagaço, olhava direitinho míope que era, ligava o limpador de para-brisa
era fininho e não expulsava a água toda.
Marcos
bateu em alguma coisa, algo mole, de natureza animal, provavelmente, quase na praia,
ficou aterrorizado, pois dava para ver o mar, queria correr para a água.
-Marcos
eu acho que atropelou um cachorro – disse Telma.
-O
cachorro que se dane, vou cair na água.
Marcos
tirou a roupa e ficou só de cueca e correu para o mar, mergulhou diante daquela
água gostosa mesmo na chuva, um pouco revolta, mas marcos era bombeiro
voluntário, sabia nadar. Não ligou para o frio, a praia estava deserta e a
cueca frouxa lhe escapou e ficou nu, sua roupa havia sido levada pela enxurrada,
correu para o degredo de uma valeta e caiu nas profundezas do esgoto profundo,
quase congelando e sem enxergar um nada na frente pois a chuva havia triplicado
correu para o carro, quando chegou bem perto e gritou para Telma.
-Me
dá a toalha, que estou pelado e perdi meus óculos.
Porém
não foi Telma que respondeu, foi à voz de homem.
-Senhora?
Aquele homem que está nu é seu marido – Marcos não ouviu a resposta, duas mãos forte
o seguraram pelo braço e disse.
-Esteja
preso.
-O
que eu fiz?
-Alem
de estar completamente nu? – disse à voz que agora, mesmo sem óculos de miopia,
Marcos pode notar ser de um policial militar. Olhou para Telma suplicando. Ela
disse com a face chorosa.
-Você
não bateu em um cão, era uma senhora de idade.
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