segunda-feira, 3 de junho de 2013

AQUELE FINAL DE SEMANA NA PRAIA.



AQUELE FINAL DE SEMANA NA PRAIA.

Sempre que Paulo pensa em reunião familiar é para lembrar o quanto ela é maçante, pessoas que se reúnem para de alguma forma competir, fofocar, dizer mentiras e falar mal do governo, da saúde, educação e por ai vai e as crianças no meio, ali sem saber de nada pensando que tudo é festa.
Ser adulto no final quando combina de reunir a família é sempre para comer alguma coisa, alguma coisa não,pera lá!Comida de brasileiro em feriado prolongado é a merda do churrasco, um conjunto de atentados contra a saúde, reúne: picanha, linguiça, coração, aza de frango, todo mundo come até se empanturrar, depois uns vomitam, outros passam mal da barriga e alguns juram nunca mais comer carne.
Fica tudo nisso, as pessoas comendo e contando todo tipo de mentira um para o outro, contando o ultimo crime bárbaro, ou sobre a derrota do Flamengo, como a sem vergonha da Rita anda dando em cima do Adolfo, marido da Célia, coisas assim.
Paulo tinha doze anos em 82 e  foi nesse ano que Brasil tinha a chance de ganhar a copa do mundo não levou por causa do Comentador.
Em abril, no dia quatorze a Argentina cheia de mania de grandeza invadiu as Malvinas e declarou guerra à Inglaterra.
No Brasil, reinava a paz, mais uma vez, desde a guerra do Paraguai que o Brasil se esquece dos acordos.
Nas artes estava todo mundo de bode porque não conseguiam ver o filme E.T. que estreava em onze de junho, dia quinze diretas gerais, menos para presidente. O Brasil perde a copa dada como ganha
A pergunta nas ruas era:
Como pode uma seleção daquelas ser desclassificada? Porém perdeu novamente a copa e o Zico se consagrava como o jogador de futebol mais “pé frio” do planeta.
Paulo comprou escondido da mãe o Thriller, do Michael Jackson, um dos maiores sucessos pops, porém a mãe achava coisa do demônio.
Ano que o gênio Gabriel Garcia Márquez , ganha o premio Nobel .
Ainda em abril, enjoados da cidade, pois BH é assim, para casal com filhos, sem sal, com parques que todo mundo já foi e afinal Marcos tinha um sonho, ver o mar.
Desempregado e com a cabeça quente, Marcos conversou com Telma e resolveram:
-Vamos levar esses meninos para conhecer o mar, ganhei uma hospedagem gratuita na semana santa para família toda- ele fez um gesto com tiras de papel no ar e falou- aqui ó, cupons de desconto – disse, festejaram, principalmente Marcos o resto torceu o nariz , mesmo assim aprontaram as malas.
O pequeno Paulo e sua irmã Estefânia não queriam ir para praia, um pela alergia e porque era um eremita syfy, outra pelo namorado que era recente,além de tudo estava co saudade e ela só tinha treze e a rival Margarete tinha quatorze.
Seu Marcos só pensava em Garapari, arrumaram as coisas no feriadão da semana santa, colocaram tudo no Fiat 147, taxi que Seu Marcos herdou do tio Juvenal morto num assalto e desceram a 262, chegaram em vitoria e estava chovendo pra cacete, só de congestionamento porque um caminham tinha virado perto de Viana foi onze quilômetros e cinco horas de atraso.
-Puta que pariu – disse Marcos – agente se arruma todo, sonha com praia, sol e ai cai de paraquedas nessa merda de chuva.
Telma vinha fazendo tricô e ainda por cima andava com uma dor de dente, havia uma carie no canino superior esquerdo, ela estava passada de raiva, Marcos, pegou o dinheiro do dentista e enfiou na viagem, comprou, bala de menta, doritos e coca cola light e uma dipirona para o dente.
-Sossega-disse-depois você arranca, vai ficar feliz de ver o mar e esquece-se da dor- comeram e beberam tudo na viagem.
Paulo sentado do lado da irmã apertado entre duas malas e uma prancha do Batman lia um gibi do Tex, tinha alergia a sol, chuva, vento frio, perfume e mosquito, tudo aquilo junto sintetizava Vitoria, só queria o seu quarto e seu computador e estava odiando a viagem.
Chovendo a talagadas e ainda por cima  com vendaval que retira telhas e arranca arvores, são e salvos chegaram no hotel do centro que Marcos ganhou a reserva.
-Temos reserva – Marcos tirou os cupons da mala.
-Isso não está valendo mais senhor, a promoção foi ano passado e não vale para feriado – disse o homem sem franzir a testa.
-Quatrocentos por pessoa, posso lhe dar uma cama grátis.
-Quatrocentos?Convenhamos, isso é um roubo, olhe esta chovendo? – disse Marcos.
-Trezentos e noventa -disse o atendente – é o Maximo.
-Ficaremos, afinal, mar é um sonho – disse Marcos, o atendente riu.
-Marcos – alertou Telma falando pelo tom de voz um dizer codificado ao soletrar o nome do marido.
-Telma não eu vou deixar de ver o mar.
-Que chuva – disse o rapaz do Hotel – não quero interromper, mas o hotel está quase lotado, feriadão com chuva é foda, tem nada para fazer nessa cidade, todo mundo quer ficar bem alojado, aqui tem salão de jogos, peteca , sinuca e videogame.
Aquela quita feira santa foi uma benção ficaram assistindo uma TV preta e branca e jogando pontinho, com um baralho que Paulo arrumou do Japonês do quarto ao lado, quando acordaram pela manhã Marcos estava resolvido a ir para praia de qualquer jeito.
Telma deu pra trás.
-Você ficou louco? Está chovendo, e não é pouco, um dos meninos pode pegar a tal da pneumonia passada – disse Telma, porém Marcos fazendo de sua voz a lei, afinal era o chefe de família deu um ultimato.
-Vamos conhecer o mar ou a gente volta para BH – disse sem menos nem mais, quase deu um soco na mesa,pois a mesa era de vidro e só lhe restava o dinheiro da gasolina de volta.
Feito o gesto rude, como Napoleão levantou-se cheio de animo, Telma deu de ombros, pegou o guarda chuva e uma capa e disse.
-Os filhos também são seus.
Paulo se irritou, a sua cabeça estava que era seborreia pura e a sua alergia a minério entropia seu nariz, argumentou com o pai, nada adiantou, Estefânia ficava calada, pois sua opinião valia pouco , havia sido reprovada na escola , o pai lhe aplicou castigos inomináveis, perdeu o direito para toda e qualquer votação familiar.
Chovia o dilúvio, possivelmente o ditado da avó de Paulo era bem vindo naquele momento: ”boa romaria faz, quem está na sua casa está muito bem em paz”.
O carro andava devagarzinho pelas poças de água, em direção ao mar, modelos como àqueles eram fadados à ferrugem, tinha um estilo Russo e bebiam como um alemão.
Marcos passado cagaço, olhava direitinho míope que era, ligava o limpador de para-brisa era fininho e não expulsava a água toda.
Marcos bateu em alguma coisa, algo mole, de natureza animal, provavelmente, quase na praia, ficou aterrorizado, pois dava para ver o mar, queria correr para a água.
-Marcos eu acho que atropelou um cachorro – disse Telma.
-O cachorro que se dane, vou cair na água.
Marcos tirou a roupa e ficou só de cueca e correu para o mar, mergulhou diante daquela água gostosa mesmo na chuva, um pouco revolta, mas marcos era bombeiro voluntário, sabia nadar. Não ligou para o frio, a praia estava deserta e a cueca frouxa lhe escapou e ficou nu, sua roupa havia sido levada pela enxurrada, correu para o degredo de uma valeta e caiu nas profundezas do esgoto profundo, quase congelando e sem enxergar um nada na frente pois a chuva havia triplicado correu para o carro, quando chegou bem perto e gritou para Telma.
-Me dá a toalha, que estou pelado e perdi meus óculos.
Porém não foi Telma que respondeu, foi à voz de homem.
-Senhora? Aquele homem que está nu é seu marido – Marcos não ouviu a resposta, duas mãos forte o seguraram pelo braço e disse.
-Esteja preso.
-O que eu fiz?
-Alem de estar completamente nu? – disse à voz que agora, mesmo sem óculos de miopia, Marcos pode notar ser de um policial militar. Olhou para Telma suplicando. Ela disse com a face chorosa.

-Você não bateu em um cão, era uma senhora de idade.

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