sábado, 8 de junho de 2013

A compra


Segundo um economista americano um dia o consumo vai acabar, as pessoas vão ter medo de comprar, o que deve demorar um pouco, atualmente são loucas, desvariavas pela orgia da compra.
         A bola da vez agora é o Tablet, aparelho portátil que serve ao ser humano como serviu no passado a TV, o computador.
         Esse objeto do desejo sumiu do mercado, se entrar em uma loja de informática no shopping, mesmo existindo uma variedade muito boa de aparelhos o vendedor vai lhe empurrar o tope de linha.
         Contaminado por esse vírus, sem nenhuma necessidade imediata de ter um tablet, passei a pesquisar na loja da capital os preços, objetivo presentear a mim mesmo.
         Entrei em duas lojas e encasquetei com a câmera, depois com o tamanho e finalmente com o preço, reduzi a verba a mil reais, o que tornou quase impossível comprar o elemento, um dos vendedores disse debochando.
         -O Senhor não quer um Tablet de dez polegadas, se só tem esse dinheiro, dá mal para comprar esse aqui de sete polegadas, muito bom – disse colocando na minha mão um aparelho que tinha o tamanho entre um telefone e uma televisão de carro.
         -O que ele faz? - perguntei tentando ser cientifico, demostrando um certo saber cibernético.
         -Quase nada – disse vendedor trazendo o que deveria ser a Ferrari dos tabletes e colocando do lado para humilhar o pobre que estava na minha mão - na verdade esse é uma porcaria, bom mesmo é esse aqui - mostrou o grande e brilhante tablet em sua mão, agradeci a atenção  disse que tinha limites de orçamento e sai de mansinho, deixando atrás de mim o lastro de pobreza e lamentação.
         Fui à outra loja, uma dessas de departamento, o vendedor estava jogando paciência na tela do laptop, nunca me senti tão invisível  devia ser aquela roupa, sei lá ou me cabelo, ou se eu estava acima do peso, o cara não deu a minima, sendo assim quebrei o silencio.
         -Aqui tem tablet – ele me olhou com cara de “cretino, em todo lugar tem”.
         -Sim, ali na vitrine. - disse apontando com precisão cirúrgica a vitrine , sem olhar, parecia um ninja.
         Olhei e notei que havia um dentro das minhas posses, fiquei radiante, havia encontrado a pedra filosofal, pedi para que tirasse do local para testar.
         -Não pode. – disse sem levantar da cadeira.
         -Como assim? Não entendi.
         -Só tem esse e o carregador está quebrado, se quiser levar tem que ser de uma vez, não tem como testar – disse e olhando para a tela, continuando o seu joquinho, me deu nos nervos.
         -Se eu comprar quantos dias para trocar na loja.
         -Esse não pode trocar, é compra kamikase, preço dele normalmente é o dobro. - agora falava sério e me olhava nos olhos
         -Posso pelo menos pegar e manusear? – disse ele me olhou a contra gosto.
         -Não, esses aparelhos são para ser visto na vitrine, ordem da gerência.
         -Chama o gerente.
         -Sou eu – disse me olhando com olhos de antipatia.
         Sai da loja, doido para comprar, porém o vendedor me ajudou a não comprar, não reclamo, não precisava do tablet.
         Assim fiquei livre do consumo do Tablet, deveríamos achar mais vendedores assim para conter nossos ímpetos.

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