Como tinha
prometido em um dos comentários da postagem Como publicar seu livro de graça,
apresento a vocês leitores a Multifoco (no twitter - @edmultifoco). É uma
editora que tem um projeto bem legal, sabe explorar um mercado até então
praticamente abandonado e, como conseqüência, acaba dando espaço aos novos
escritores brasileiros. O grande diferencial deles é que, diferente de grande
parte das editoras que se prestam a ajudar os novos talentos (umas fazendo um
trabalho realmente sério e respeitado, como a 7Letras, e outras simplesmente
enganando os clientes: leia "Editoras" que não são editoras), a
Multifoco nada cobra de seus autores, os custos são 100% dela, desde a revisão,
a capa e a impressão dos livros (confira uma entrevista com um autor da editora
aqui no blog, o Fernando Torres).
Ao saber
disso, fiquei interessado em conhecer melhor o seu processo de funcionamento,
até porque pretendo entrevistar dois editores de dois selos diferentes
(independentes) vinculados a ela. Inclusive, como perceberão no restante da
matéria, a editora tem uma maneira de trabalhar com estes selos indepedentes
que lhes permite publicar mais livros e com maior qualidade, um sistema bem
inteligente. Como uma última informação, a editora está promovendo um excelente
concurso de contos medievais por intermédio de seu selo Anthology. Enfim,
confiram agora uma entrevista com Raphael Santos, diretor de marketing da
Multifoco. Espero que as informações sejam úteis a todos os aspirantes a
escritores que acompanhem o Na Ponta dos Lápis.
Se possível,
fale mais um pouco sobre o projeto e os ideais da editora.
R: A
Multifoco é uma editora que apresenta uma nova forma de pensar o mercado
editorial. Conseguimos publicar nossos autores sem repassar a eles nenhum
custo, do contrário, assegurando-lhes os direitos autorais respectivos e, ainda
assim, como é exigência de qualquer empresa, lucrar e crescer. Tudo isso porque
entendemos o mercado, seus mais diversos segmentos e temos o objetivo de
proporcionar ao público leitor o máximo de títulos possível, tentando atender
aos nichos de leitores que demandam os mais variados gêneros.
Vocês têm a
idéia de publicar novos autores sem que isso lhes custe nada. Para uma editora
que se inicia agora e, portanto, ainda é pequena, essa é uma tarefa bem
complicada. Como vocês conseguem tornar isso possível?
R: É um
equilíbrio entre o planejamento estratégico e a utilização das tecnologias
atuais. Trabalhamos com tiragens baixas nos lançamentos, tentando manter o
estoque próximo de zero. Depois disso, repomos os exemplares de acordo com a
demanda de cada título. Com o expertise que adquirimos ao longo desses três,
quase quatro anos, aprendemos a identificar alguns tipos determinados de
autores, que para nós são parceiros, cujas informações são fundamentais para
definirmos a tiragem inicial do livro (uma prerrogativa da editora). Minimizamos
os riscos e maximizamos as possibilidades quando temos tiragens pequenas de um
número grande de títulos.
Sei que
vendem os livros através do site da Multifoco. Mas, em geral, como são os
lançamentos? Sei que utilizam o casarão da editora: isso significaria que o
autor teria de vir para o Rio?
R: Os
lançamentos do Rio contam com a nossa sede como uma ótima opção para
acontecerem. Em nosso espaço na Lapa, um ponto nobre da cidade, contamos com
estrutura para lançamentos que vai desde uma noite de autógrafos até
lançamentos mais "ousados", com apresentações musicais, performances
teatrais ou recitais. Entretanto, lançar em nossa sede não é uma obrigação. O
autor pode lançar em outros lugares também. Lançamos muitos livros em outros
estados, como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, dentre outros, e até mesmo em
outros países, como nos EUA (Nova Iorque). Pelo nosso modelo, podemos lançar
livros em qualquer lugar do mundo.
Como vocês
consideram a evolução da editora até hoje? Como ela evoluiu?
R: A Multifoco
vem crescendo de forma muito acelerada. Terminamos nosso primeiro ano com cerca
de 40 livros e no segundo ano já triplicamos este número. Atualmente, já temos
mais de 200 títulos lançados e temos a expectativa de lançar mais 300 livros
até o final de 2010. Isto só é possível devido a demanda de autores que temos e
que, conforme cresce a nossa visibilidade, não para de crescer e nos procurar.
E, a cada dia que passa, nos preparamos para atender um número maior possível
de autores, aumentando, treinando e melhorando nossa equipe.
Qual o
planejamento de lançamentos para o ano?
R: Nossa
expectativa é chegar a 50 lançamentos mensais. Atualmente, estamos em torno de
20 lançamentos mensais. Aumentamos recentemente nossa equipe e temos certeza de
que, futuramente, iremos render ainda mais forte em nossos lançamentos.
Quantos
selos vocês têm (já conheci dois editores de selos diferentes)? Já há selos
fora do Rio? Algum para poesias?
R: Temos
selos que fazem parte da editora e são específicos para determinados gêneros
(Futurarte > Poesias, Luminária > literatura acadêmica, Download >
blogs que viram livros, Redondezas > contos, Anthology > Ficções
científicas, dentre outros). Esses selos são controlados por nosso
editor-chefe, que recebe os originais, os analisa e define aqueles que serão
publicados. Além disso, contamos com selos comandados por editores
independentes, que não são funcionários da editora. Temos selos em Minas Gerais
(Terceira Margem), na região de Volta Redonda e adjacências (Médio Paraíba) e
em outros estados do Brasil. Os responsáveis por estes selos são os editores,
que têm total liberdade para publicar qualquer livro, de qualquer gênero que
tenha passado pelo seu crivo e esteja em linha com as diretrizes da editora.
Algum livro
que tenha alcançado um sucesso surpreendente ou maior do que o esperado?
R: Há livros
que, dados seus temas, naturalmente têm um apelo maior junto a um determinado
nicho de público. É o caso, por exemplo, dos livros O Retorno do Gigante e A
virada do século, que tratam de histórias sobre o Vasco da Gama, um clube de
futebol que, em sua história recente, passou por momentos delicados e que
aproximaram bastante o clube e a torcida, deixando-a ávida por produtos que
tenham relação com o clube. Outros, eventualmente, aparecem bastante na mídia
sem muito esforço, como é o caso de A segunda Cinelândia Carioca, cuja procura
não chega a nos surpreender porque já conhecemos a qualidade do material. Mas
desperta a atenção o interesse da mídia em cima de títulos como esse, visto que
livros acadêmicos nem sempre encontram muito espaço na imprensa.
Como é o
processo de análise de originais de vocês? Quanto tempo leva, o que é levado em
consideração e etc...
R: O
processo de análise é feito ou pelo editor-chefe da editora ou pelos editores
de selos independentes. O que é levado em consideração é a qualidade do livro,
mediante o nicho de leitores para o qual ele é proposto. Por isso a importância
de termos editores independentes. Um editor que edita apenas livros de
literatura fantástica, por fazer parte deste nicho, é capaz de identificar um
título que possa fazer sucesso entre leitores deste gênero com mais facilidade
do que um editor "comum". O tempo de espera, atualmente, gira entre
seis e oito meses, dada a demanda que você deve imaginar que recebemos, visto
que fazemos um trabalho único no mercado, até o momento, sem nenhuma outra
editora que faça um trabalho igual ao nosso, pelas minhas mais recentes pesquisas.
Entretanto, estamos aumentando nossa equipe, para diminuir esse prazo,
aumentando o número de lançamentos por mês.
Fora o envio
de originais, vocês têm outras maneiras de encontrar bons novos autores?
R:
Basicamente, a demanda que recebemos, que não para de crescer, é o local de
onde vem os nossos escritores. Entretanto, temos um forte trabalho de
marketing, via redes sociais, por exemplo, para atender o nosso principal
objetivo, que é fazer com que, ao pensar em escrever um livro, o autor pense
sempre na Multifoco como a primeira opção para publicação.
.jpg)
Nenhum comentário:
Postar um comentário