domingo, 9 de junho de 2013

Almoço diferente no domingo: Almoço complicado!

A vida é assim, ninguém gosta de monotonia, muito menos Osvaldo Barbosa Carvalho, futuro gerente de compras e amado pai de família, por isso Osvaldo levantou naquele domingo com vontade de levar Alerte e os três filhos para comer uma coisa diferente.

-Você tem dinheiro Osvaldo? – disse Arlete, com aquela cara de quem sempre sabe de tudo, porque as mulheres são assim pensou Osvaldo.

-Cento e setenta reais, mais que suficiente. Te pergunto: quem pode cobrar mais caro que isso? – disse Osvaldo e sorrido acrescentou – relaxa Arlete, seja feliz.

Os filhos ficaram eufóricos, Duda, Valeria e Pedrinho a sua turma de trigêmeos,  faixa etária dos sete anos, levados, briguentos e entuziasmado.

-Pensa positivo, para com essa negatividade, hoje é domingo Arlete, um dia temos que sair da rotina – disse Osvaldo – segunda feira estou em emprego novo, viva essa chance.

Arlete não tinha nada a perder, quando Osvaldo metia uma coisa na cabeça era cabeça dura, ninguém tirava, colocou os filhos arrumados no fusca, desceram a alameda e foram rodar pelo bairro nobre, de dentro do carro a família avistou uma churrascaria, isso sempre foi muito caro, a gente sabe que pessoas comem carne até morrer e depois pagam caro, por isso Arlete não gostava da ideia.

-Olha só Arlete, trinta e nove e noventa – disse Osvaldo – pensa num sonho, sempre quis comer carne de Javali, aqui deve ter carne de Javali.

-Isso é caro, olho da cara, conta direitinho o dinheiro do seu bolso, vão cobrar cinco rodízios, você só tem dinheiro para três, não quero passar vergonha, olha bem, oitenta do rodizio, vinte da bebida e vinte e cinco dos dez por cento, fica muito apertado.

Osvaldo  teve os sentimentos feridos, um pai de família que tenha vergonha na cara, que tenho brios de macho alfa, paga o rodízio e pronto, não pergunta pra mulher, foi até o garçom e conversou o preço, fez um pedido, argumentou, deu umas duas imploradas,  falou que as crianças comiam pouco, o garçom olhou com olhos de pena, seu olhar lembrava o do Papa Severino, quero dizer Francisco, Osvaldo pensou que talvez fosse argentino e quis dizer que um dia o messe ainda encontraria o seu futebol na seleção, mas não falou nada, o garçom  piedosamente olhou para Osvaldo, teve pena e disse.

-Está bem, cobro dois rodízios e meio, vejo que você está com muita fome.

Osvaldo fez as contas e disse.

-Fechado - disse Osvaldo.

Chamou Arlete, correu para abraçar as crianças e levou as três para o incrível parque de diversões.

-Senhor, não pode usar o parquinho, sinto muito, ele esta em manutenção – disse um dos garçons.
-Pai que chato - disse Duda.
Sentou as crianças na marra e ameaçou de castigos brutais, viu duas crianças brincando no parquinho e foi reclamar com o garçom.
-São filhas do dono - disse.
Voltou aborrecido e disse para Arlete que a vida não era justa, como as filhas do dono podiam e os filhos dele não?
-Ele é o dono - disse Arlete.
-Você está do lado de quem? - perguntou Osvaldo procurando manter o auto controle 
Com bebida regrada de forma militar e carne a vontade, logo Osvaldo e Arlete estavam entalados de carne de todas as espécies, tomando água como se fosse champanhe: no biquinho, bem devagar para não acabar.
Depois do filé alho e olho, que Osvaldo perigosamente comeu três pedaços, ficou doido para pedir outro chope, nada, nem mesmo a promoção naquele momento valia mais que um chope, Osvaldo perguntou ao garçom.

-O preço é aquele da placa, não? – disse com sorriso amarelo e fazendo as contas.

-Não senhor, acho que está enganado, aquele é o preço da semana, o domingo  é cinquenta reais – disse o garçom, Osvaldo correu para a mesa e disse.

-Para tudo , não pede mais nada, estamos fodidos – disse alto, Arlete quase morreu de vergonha, a mulher do lado sorriu. Arlete ficou olhando para ele como cara de você está fodido, eu te falei antes que essa merda é cara.

         -Não sei como vou te falar isso – disse Osvaldo.

         -Fala homem, já sei que estamos na merda.

         -é  cinquenta – disse sem olhar para a esposa - acho que extrapolei.

         -Pai eu quero água – disse o Duda.

         -Cala a boca Duda, que a gente já está indo, compro água para você no boteco ali na frente, isso se sobrar dinheiro, lá em casa tem água a vontade – disse Osvaldo.

         -Ele quer água – disse uma senhora, a mesma que sorriu quando Osvaldo falou palavrão.

         -Que? – Osvaldo ficou surpreso com a intromissão.

         -Eu também – disse outro dos seus filhos.

         -Garçom a conta.

         Depois que saiu do restaurante pensou o quanto comer diferente era idiota.


DE JJ DE SOUZA





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