“… ajudai-me a buscar
a beleza interior e
fazer com que as
coisas exteriores se harmonizem com a beleza espiritual”.
Sócrates, em Fredo
Há tempos não tenho me dedicado a algo que me dá muito prazer:
escrever. Colocar a minha frente pensamentos e reflexões sobre minhas
angústias, meus medos, minhas frustrações. Dificilmente escrevo quando estou em
pleno estado de graça ou de felicidade; isso se dá quando compartilho este
estado com amigos em prazerosas mensagens. Mas com certeza, com muito menos
introspecção e muito mais espontaneidade do que como o faço agora. Quando
decido sentar e me por a escrever, rondo as idéias, começo a criar coragem. Me
preparo. Tomo fôlego. E se a coragem ainda falta, a simples sensação de botar
tudo pra fora me excita. E hoje preciso disso. De forma mais assertiva e
prática. É parte daquilo que necessito para recobrir minha paz.
Há um sentido para a vida. Sei disso. Sei também que ele é único
e individual. Só não parecia ser tão incerto. E é essa incerteza que quase nos
mata. Confuso e caótico, corrói que chega a destruir. Na realidade,
desconstrói. Todas as suas certezas caem por terra. Difícil lidar com tudo
isso. E se a resposta é “sempre” quando perguntamos “até quando?”, nos conforta
saber que, à medida que aprendemos com cada uma de nossas experiências, lidamos
mais facilmente com algo sem explicação. O inexplicável pode sempre acontecer e
talvez ser capaz de dar novo sentido à vida. É sempre bom ter essa
possibilidade em mente.
Resta dizer então que eu o amo. Mais do que um dia imaginei que
pudesse amar alguém. E se chega a todos que se arriscam, esse dia chegou para
mim. Enfim arrisquei. E isso implica sofrer; que implica aprender, sentir,
mudar, crescer, viver, amar. Nada me fora prometido. Abandonei minhas certezas
e vícios. E livre, apostei alto. Infinito. Só agora entendo que infinito não é
ser eterno. É ser intenso, integral, forte.
Resta acreditar que se o amo, que o deixe ir. Que permaneça em
minha memória, em um canto especial do meu coração. Que bom que tenho de quem
me lembrar, de quem sentir saudades e a quem agradecer por ter feito parte da
minha história e por me ajudar a ser quem hoje sou, este conjunto de retalhos
da vida que passou… e que segue, sem saber ao certo onde se está indo, com a
certeza de que não se está perdido.

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