Será todo
hétero um fascista em potencial?
Pesquisadora da UFMG violenta a matemática e descobre que a
homossexualidade, mais do que a heterossexualidade, é fator de “igualdade
social”. Não contem pro Félix. Ele vai ficar inconsolável!!! Ou: Será todo
hétero um fascista em potencial?
São Paulo realiza hoje mais uma edição da Parada Gay. A
imprensa militante — isto é, a antigamente chamada “grande imprensa” — fala em
até 3,5 milhões de pessoas, o que é uma sandice. No ano passado, o Datafolha
mediu o público com critérios técnicos: os anunciados 2 milhões se reduziram a
270 mil, considerando os curiosos que ocupam as calçadas. “Paradeiros” mesmo,
que fizeram todo o percurso, estimou-se, ficaram em torno de 65 mil. Ainda
assim, é bom notar, é bastante gente! Mas não são 2 milhões, certo? Isso é
número que serve à propaganda, justificando, ainda que com dados falsos, o peso
editorial desproporcional que jornais, TVs e meios eletrônicos conferem ao
evento.
Ao longo da semana, publicaram-se várias reportagens de
apoio: o mercado consumidor gay e a renda dessa faixa da população; a indústria
do entretenimento gay em São Paulo; os preparativos e coisa e tal. Bem, tudo é
mais ou menos a mesma coisa. As pautas ficam arquivadas, e aí é só atualizar o
texto com entrevistados novos. Eis que, no Estadão (e ninguém deveria se
surpreender mais com isso) deste domingo, uma reportagem foge da mesmice e
informa: “Diversidade é maior entre casais gays”. É claro que há certa graça
involuntária num título — ou terá sido picardia? — que informa ser maior a
diversidade de um casal em que o Zezinho se casa com o Zezinho, não com a
diversa Joaninha…
É que se falava de uma outra diversidade, a social!!! Ah,
bom! Os subprodutos, agora supostamente acadêmicos, da cultura gay já
ultrapassaram o limite da busca por aceitação e igualdade. Chegou a hora de
provar a superioridade moral, intelectual e política da homossexualidade, no
confronto com o que se passou a chamar de “heteronormatividade”. Qual e o
busílis da reportagem, assinada por Luciano Bottini Filho e William Castanho?
Prestem atenção!
Uniões de homossexuais registrariam maior variação de idade
entre os parceiros (58,59% contra 45,96% dos héteros), de escolaridade (43,33%
contra 37%) e de cor (36,74% contra 29,76%). Os dados foram coligidos pela
economista Fernanda Fortes de Lena, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Nisso é gasto o nosso dinheiro… Bem, bem, bem… Como explicar, não é?
Qualquer pessoa dotada de um mínimo de raciocínio matemático
— seja hétero, gay, bi ou assexuado — entende de imediato a razão de as coisas
serem assim: como o universo em que os gays podem escolher seus parceiros é
absurdamente mais reduzido do que aquele em que os héteros fazem as suas
opções, então a condição obrigatória (ser gay) acaba tornando menos importantes
as condições ligadas ao mero gosto (idade parecida, mesma escolaridade ou mesma
cor da pele). Ora, a condição exclusiva do universo em que os héteros
selecionam potenciais parceiros é mais ampla do que a condição excludente —
logo, eles podem partir para as exigências seguintes com muito mais chances de
sucesso. Com os gays, dá-se o contrário: a condição excludente é muito maior do
que a exclusiva, e o universo das escolhas se reduz dramaticamente.
O mesmo se daria — prestem atenção! — se viciados em
Chicabon decidissem se casar só com outros viciados em Chicabon. Seria preciso
deixar de lado outros critérios para, como dizia meu avô, “arrumar tampa pra
binga” — a expressão quer dizer “achar o devido complemento”. Não estou
comparando sexualidade com gosto por sorvete. Estou apenas deixando claro que,
quanto menor o universo em que incide a condição necessária, mais se tende a
relaxar nas condições meramente satisfatórias.
“Ciência” militante
Não, não, não! Se a coisa é óbvia, a chance de que seja
aceita em certas áreas da universidade brasileira é muito reduzida. A tal
economista Fernanda Fortes de Lena prefere extrair da evidência dos fatos uma
lição de educação, moral e civismo: “Os casais gays, em razão de suas
características de associação de cor e escolaridade, contribuem menos para a
transmissão de desigualdades na estrutura social”. AHHH, BOM!!!
Sabem aquela ideia antiga de que, afinal de contas, a
heterossexualidade responde, vá lá, pela continuidade da espécie? Esqueçam. Os
héteros contribuem mesmo é para “transmitir a desigualdade na estrutura
social”. A afirmação desta gigante do pensamento traz alguns desdobramentos
lógicos, a saber:
a: quanto mais casais gays, então, menos desigualdade na
estrutura social;
b: o incentivo à formação de casais gays seria um estímulo à
igualdade;
c: mas esperem… Imaginemos, sei lá, uma cidade formada por
milhões de gays de todos os tipos: jovens, velhos, ricos, pobres, negros,
brancos, mestiços, universitários, secundaristas… Falo de um lugar em que
houvesse um exponencial aumento da oferta de parceiros. Será que essa dita
“diversidade” maior de manteria? Ora…
A psicóloga Adriana Numan até ensaia a resposta correta — a
população reduzida de homossexuais limita as escolhas —, mas, depois, fica com
medo do óbvio e solta uma pérola do politicamente correta: “Os gays não
precisam copiar os modelos dos heterossexuais; eles criam suas próprias
regras”. É? Quais regras? União civil, casamento e adoção de crianças, tudo
indica, significa justamente “copiar as regras”, não é? Até mesmo nos casos de
inseminação artificial. Mas atenção para o que vem agora.
“Há preponderância da valorização da diferença no universo
homossexual, e não falta de escolha. Entre os heterossexuais, existe um ideal
romântico, no qual o homem deve ser um pouco mais velho, e as uniões devem
obedecer a certos padrões. Existem orientações culturais, como se fossem
fantasias coletivas.”
Quem afirma essas barbaridades é uma senhora chamada Regina
Facchini, antropóloga do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu a Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp). Huuummm… Entendi! Os heterossexuais participam
de uma fantasia coletiva, orientadas pela cultura. Por alguma razão que a
antropóloga deve saber, mas não conta para ninguém, os homossexuais estariam
imunes a esse determinismo cultural. Não sei se a dona colabora com a causa.
Passa a impressão de que o indivíduo decidiu escolher alguém do mesmo sexo só
para demonstrar que não é desses que se deixa levar pela maioria… Se ela
estiver certa, a gente deve acreditar que uma mulher escolhe um homem um pouco
mais velho porque é uma tonta romântica; já o gay que casa com um parceiro mais
maduro o faz para deixar claro que valoriza a diversidade. Escrevo de novo:
quando a Joaninha se casa com o Zezinho, está apenas reproduzindo a mesmice sem
imaginação; se, no entanto, o Zezinho pega o Zezinho, e a Joaninha, a Joaninha,
aí, sim, existe diversidade!!!
Evangélicos
No dia 25 do mês passado, aconteceu no Rio a “Marcha para
Jesus”, promovida por denominações evangélicas. Reuniu, segundo estimativas da
própria polícia, 500 mil pessoas. Digamos que tenha sido a metade. É muita
gente mesmo assim. O evento foi solenemente ignorado pela antiga grande
imprensa. Era como se aquilo não tivesse acontecido. As marchas da maconha em
São Paulo ou no Rio, que juntam entre 1 mil e 1,5 mil manifestantes, sempre
mereceram cobertura mais ampla e mais entusiasmada — e invariavelmente a favor.
No dia 5, na quarta-feira, denominação cristãs — e os católicos também estão
sendo convidados — realizarão em Brasília, a partir das 15h, outra
manifestação, desta feita em defesa da liberdade de expressão, da liberdade
religiosa, da família tradicional e da vida — leia-se: contra o aborto. Também
será ignorada? Vamos ver.
Antes que alguns bobalhões comecem a “bobalhar”, deixo
claro: não estou contra passeata de ninguém — embora seja um absurdo realizar o
ato gay na Paulista por razões óbvias. Chegar a pelo menos dez hospitais da
região se torna tarefa impossível. Cada um faça o que achar melhor, nos limites
da lei. A minha questão diz mais respeito à imprensa do que aos manifestantes;
diz respeito aos fatos. Ah, sim: o Félix da novela ficou inconsolável com essa
parte da “igualdade social”…
Por Reinaldo Azevedo

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